sexta-feira, 13 de julho de 2012

Grupo JB vai produzir biodiesel e etanol de alga em Pernambuco


Na usina, elas receberão o carbono produzido pelas caldeiras e em contato com a luz do sol se desenvolverão para produção de biodiesel ou etanol.
Depois de inaugurar, em junho, sua primeira unidade de produção de biocombustível (a partir da vinhaça), o Grupo JB anunciou nesta terça-feira, em Recife, mais uma iniciativa verde: formou uma joint venture com a SAT (See Algaeag Technology) para implantação de indústria para fabricação de biodiesel e etanol tendo algas marinhas como matéria prima. O empreendimento, inédito no país, prevê investimentos de R$ 20 milhões, e aproveitará as emissões de carbono emitidas pelas caldeiras da Companhia Alcoolquímica Nacional, que funciona no município de Vitória de Santo Antão, a 51 quilômetros de Recife.
A família Beltrão, à qual pertence o Grupo JB, atua há dois séculos no cultivo de cana, e produz açúcar, álcool, aguardente, CO2 e energia elétrica. Já a SAT iniciou suas atividades em 2010, na Áustria, onde trabalha com biotecnologia e produção de algas. A empresa possui uma fazenda piloto naquele país, mas devido ao seu clima frio preferiu dar início às atividades comerciais em Pernambuco, onde o clima é tropical, e fotossíntese das algas será facilitada pela luz do sol.
Segundo o diretor da SAT no Brasil, Rafael Bianchini, embora já com caráter comercial, o projeto a ser instalado em Vitória de Santo Antão funcionará como um show room para que outras empresas possam utilizar a mesma tecnologia, através da captação de carbono, gás que é tido como um dos responsáveis pelo efeito estufa no planeta. Ele disse que é a primeira vez no mundo, que o etanol será produzido em escala comercial a partir de algas marinhas.
- O modelo pode ser replicado em todos os setores, onde haja emissão de CO2. Onde houver uma chaminé liberando fumaça, nós vamos oferecer a tecnologia – afirmou o executivo, por telefone. Ele, no entanto, não precisou o número de empregos “verdes” gerados com a iniciativa.
De início, a fazenda verde contará com um hectare de algas cultivadas. Elas serão importadas purificadas e esterilizadas da Áustria, prontas para o cultivo. Na usina, elas receberão o carbono produzido pelas caldeiras e em contato com a luz do sol se desenvolverão para produção de biodiesel ou etanol. Cada hectare contará com 400 reatores para captar as 5 mil toneladas de carbono produzidas pelas caldeiras.
Bianchini informou que cada hectare cultivado poderá produzir 1,2 milhões de litros de biodiesel e bioquímicos como o ômega 3 e o ômega 6. ao ano. Ou 2,2 milhões de litros de etanol. As algas utilizadas, no entanto, são diferentes e o processo de produção do biodiesel é mais complexo. Já para o etanol, a obtenção é mais simples, porque a planta já libera o álcool naturalmente, depois de ter passado por modificações genéticas. O bagaço das algas utilizadas para produção de biodiesel serão destinadas ao alimento do gado. As processadas na produção de etanol serão incineradas.
- Estamos chegando ao Brasil com a SAT, e junto com ela a indústria de captura e utilização de CO2, Vamos movimentar também o mundo acadêmico, gerando em pregos verdes em um setor até então inexistente no Brasil – disse ele, para quem o país pode ser visto hoje como principal mercado para essa tecnologia.
Produção pode ser 300 vezes maior que o método tradicional
De acordo com a SAT e o JB, a produção de etanol a partir de algas marinhas pode ser 300 vezes maior do que o obtido com o método tradicional, o que chamou a atenção do Presidente do Grupo JB Carlos Beltrão. Ele lembra, também, que o sistema exige áreas menores de cultivo do que com a cana, sem falar na captura do CO2. O ideal, no entanto, para produção de escala seriam, no mínimo, dez hectares de cultivo da alga.
Em junho desse ano, o Grupo JB e a Cetrel inauguraram a sua primeira unidade de bionergia a partir da vinhaça, que é um subproduto da industrialização da cana. O empreendimento tem como objetivo a produção de energia elétrica através de processo de biodigestão, gerando eletricidade não só para a própria indústria como para a comercialização no mercado livre. A Cetrel funciona desde 1978, tendo começado a operar no Pólo de Camaçari, na Bahia, onde atua no tratamento e disposição final de resíduos industriais.

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