terça-feira, 22 de abril de 2014

Perspectivas para a Mata Norte de Pernambuco

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Quando abordamos o futuro do Município de Goiana, pretendemos incluir o desenvolvimento econômico da Zona da Mata Norte do Estado, pelos efeitos multiplicadores que os grandes investimentos já iniciados ali beneficiarão outros daquela região.
Nos seus primórdios, Goiana foi sede, duas vezes, da Capitania de Itamaracá, e durante anos era a segunda cidade mais importante de Pernambuco. A história do município está vinculada à cana-de-açúcar, às centenas de engenhos existentes e às lutas libertárias de que participou, como a batalha travada pelas heroínas de Tejucupapo (hoje, distrito municipal), em 1646, da Revolução Pernambucana de 1817, à Revolução Praieira, à Revolução de 1817, à Confederação do Equador. Um aspecto interessante é que a vila operária de Goiana é considerada a primeira a ser construída na América Latina.
Numa rápida apreciação, autores entendem que a origem mais provável do nome Goyanna deriva da palavra em tupi-guarani “Guyanna”, que significa “terra de muitas águas”. O topônimo do município surge, pela primeira vez, nos catálogos da Companhia de Jesus, em 1592, com o nome de aldeia “Gueena”. O historiador holandês, Adolf de Varnhagem, diverge, ao afirmar que a palavra equivale “à gente estimada”, oriunda, também, do tupi-guarani. Há outras opiniões que alongariam essas observações, sendo dispensáveis citá-las.
Queimando etapas, como o período colonial, o período imperial (d. Pedro II ali esteve, em 1859), a Abolição da Escravatura, há informações de que no período republicano circulou o primeiro ônibus no Brasil, da marca Panhard-Levassor, importado em 1900 pela Companhia de Transporte local.
Quanto à economia, a principal atividade do setor primário é a cana-de-açúcar, empregando a maioria da mão-de-obra. O setor secundário é importante desde o início do século XX. Instalaram-se em terras goianenses a Kablin, Nassau (a maior fabricante de cimento do Estado e segunda maior do País), Canaã, Itapessoca, Produtos Pérola, Usina Santa Tereza etc. Nas primeiras décadas de 1900, a indústria têxtil se destacava entre outras atividades fabris.
Nos anos mais recentes e agora estão curso grandes investimentos que deverão resultar na formação de um novo centro industrial diversificado, a exemplo da montadora Fiat, do Polo-Farmoquímico de Biotecnologia, de uma fábrica de hemoderivados e outras,cujo funcionamento mudará a economia de Goiana e dos municípios nas suas proximidades, além de estimular o turismo praieiro, que tem na praia de Ponta de Pedras a sua maior expressão. Dessa maneira, haverá uma redução na desigualdade econômica deste Estado entre a Zona da Mata-Norte e a Zona-da-Mata Sul, esta última que já se beneficia do Complexo de Suape. Essas são as novas perspectivas com o desenvolvimento econômico de Goiana que já se configura.
Folha – PE

Crescimento de SUAPE e GOIANA fazem Usinas enfrentarem crise abandonando o açúcar para vender terrenos

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Pelo menos três usinas na Mata Sul e duas na Mata Norte passaram a atuar na área imobiliária, principalmente nos últimos cinco anos, devido ao desenvolvimento dos polos industriais de Suape e Goiana. Os acionistas da Usina Maravilhas – que fazem açúcar e álcool há pelo menos quatro gerações – transformaram uma parte do seu negócio na Maravilhas Empreendimentos Imobiliários, em Goiana. A valorização das terras daquele município da Mata Norte ocorre num período em que a crise, mais uma vez, bateu à porta do setor sucroalcooleiro com o preço do álcool perdendo a sua competitividade, quando comparado com a gasolina.
O que motivou a entrada da usina no setor imobiliário foi um estudo feito por uma consultoria indicando a futura viabilidade da venda de 3 mil hectares – que faziam parte do canavial da antiga Usina Maravilhas – numa ocupação a ser realizada entre 15 e 20 anos, período em que a área deve receber indústrias, empresas de logística, moradias, empreendimentos de lazer e serviços.
“A lógica econômica nos fez optar por um rendimento que é maior. Não faz sentido ter um produto agrícola e não aproveitar essa oportunidade”, resume o consultor da TIR Finance, Matheus Queiroz, falando pelos acionistas da Usina Maravilhas, com sede em Goiana, na Mata Norte. A oportunidade foi a expansão e valorização das terras próximas à fábrica da montadora da Fiat, também em Goiana. “A nossa maior referência é Betim, em Minas Gerais. Lá, a cidade tinha 30 mil habitantes antes da chegada da multinacional. Hoje, são 360 mil habitantes”, afirma. Antes de receber a fábrica da Fiat na década de 70, a cidade mineira estava numa área predominantemente rural, como é Goiana atualmente. Para a empresa, a vantagem econômica é grande. A área cultivada com cana-de-açúcar se mede em hectare, enquanto as terras comercializadas para empreendimentos urbanos são vendidas em metro quadrado.
A produção de cana-de-açúcar na Mata Norte também tem outra adversidade constante: as estiagens mais frequentes e intensas. A última moagem da Maravilhas foi em 1998, quando a região passou por uma seca muito forte. Depois disso, a cana-de-açúcar da Maravilhas passou a ser processada na Usina Cruangi, de Timbaúba, que pertence ao mesmo grupo.
Em 2010, ocorreu uma cisão entre os acionistas e a gestão da Maravilhas ficou com os irmãos Fernando Queiroz Filho e Dulce Gueiros, enquanto a administração da Cruangi passou a ser feita por Cândido Rios e Maria da Conceição Rios. Ambas as empresas têm os mesmos proprietários.
A primeira venda das terras das Maravilhas para uso industrial ocorreu em 2006, quando a empresa cedeu 340 hectares de terras em Goiana para a implantação da fábrica da Hemobrás, empresa do governo federal. Na época, a usina tinha 18 mil hectares. “Em 2009, o Grupo Brennand fez um acordo com o Estado, ficando com 52 hectares para instalar a fábrica de vidros”, conta Matheus. E lembra: “Em junho de 2011, alguns representantes do Estado nos procuraram para implantar um grande projeto na Mata Norte”. Era a fábrica da Fiat.
“Se não fosse a Fiat, essa futura ocupação poderia levar de 40 a 50 anos”, revela. A expectativa dos acionistas é que cerca de 9 mil hectares da Maravilhas continuem sendo cultivados com cana-de-açúcar. Aproximadamente 5 mil hectares foram trocados por débitos da empresa com os governos federal e estadual. Até 1984, a Usina Maravilhas pertenceu à família Lundgren, quando foi comprada pela Usina Cruangi administrada pela família Queiroz, a qual está no setor sucroalcooleiro desde 1921, quando o bisavô de Matheus, Júlio Queiroz adquiriu a Usina Cruangi.
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