segunda-feira, 2 de julho de 2012

EAS mais perto de manter contrato

O Estaleiro Atlântico Sul (EAS) anunciou ontem que cumpriu a primeira das três exigências para garantir a continuidade dos contratos de 16 dos 22 petroleiros encomendados pela Transpetro. Agora, depois de fechar com a IHI Marine United Inc. (IHIMU), controlada pelo grupo japonês Mitsui, terá que apresentar à subsidiária da Petrobras um plano de ação e cronograma confiável de construção dos navios, além de um projeto de engenharia para os navios que atenda às especificações técnicas contratuais. O prazo se esgota no dia 30 de agosto.
 
Conforme nota divulgada ontem pelo EAS, a IHIMU será o estaleiro consultor e prestará serviços de consultoria técnica de operações para todas as embarcações, incluindo os navios-sondas (drill ships). “É uma notícia extremamente positiva, que acalma o setor e garante a continuidade dos contratos. A Ishikawajima-Harima é uma empresa mundialmente renomada”, comentou o presidente do Sindicato Nacional da Indústria Naval Norte/Nordeste (Sinaval N/NE), Angelo Bellelis.
 
A contratação de um novo parceiro tecnológico era esperada desde março, quando a Samsung Heavy Industries (SHI), que detinha 6% de participação na sociedade do EAS, decidiu se retirar do negócio. O contrato entre as duas empresas garantia assistência para apenas seis das 22 embarcações encomendadas pela Transpetro. No fim de maio, a subsidiária da Petrobras decidiu suspender os contratos dos 16 navios sem assistência e deu um prazo até 30 de agosto para o EAS apresentar um novo parceiro e cumprir as outras duas exigências.
 


Desde a saída da SHI, os dois sócios remanescentes, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa, dividem o controle do estaleiro, com participação de 50% cada um. A expectativa era a de que o novo parceiro tecnológico se tornasse sócio, comprando uma fatia de aproximadamente 30%, avaliada em cerca de R$ 400 milhões, de acordo com estimativas do mercado.
 
A sociedade ainda não é mencionada, mas vale lembrar que a Samsung entrou primeiro como parceira e depois adquiriu 10% de participação, percentual que posteriormente foi reduzido para 6%. “Seria o caminho natural. Foi assim com a Samsung”, lembra Bellelis. Preocupada com o cronograma de entrega das sete sondas contratadas através da Sete Brasil, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, tem dito que o ideal seria que o EAS tivesse um novo parceiro que fosse sócio. Procuradas pela reportagem, nem a Transpetro nem a Sete Brasil se pronunciaram sobre o assunto.

IHIMU já atuou no país

A IHIMU, divisão de construção naval offshore da Ishigawajima-Harima Heavy Industries (IHI), atuou no Brasil na década de 1970 através do do Ishikawajima do Brasil Estaleiros S/A, o antigo estaleiro Ishibras (hoje Sermetal), no Rio de Janeiro. Foram 35 anos de contribuição ao desenvolvimento da indústria naval brasileira. Recentemente, a empresa montou um escritório na capital fluminense para prospectar novos negócios, indicando que estava disposta a voltar a operar no país.
 
O novo parceiro tecnológico do Estaleiro Atlântico Sul é especializado em design, fabricação, vendas, reparos e manutenção de embarcações. Entre seus produtos estão porta-contêineres, tankers (como os petroleiros encomendados pela Transpetro), graneleiros, navios-sonda (como as encomendadas pela Sete Brasil para a Petrobras) e plataformas offshore.
 


No dia 29/06, o EAS também oficializou a contratação da norueguesa LMG Marin para o fornecimento do projeto básico e detalhamento dos sete navios-sonda contratados pela Sete Brasil. “A LMG está entre as líderes, no mercado europeu, no segmento de arquitetura e engenharia naval, tendo sólida atuação na região do Mar do Norte”, justifica a nota.
 
O EAS possui uma carteira de US$ 8,1 bilhões (cerca de R$ 16,81 milhões, pelo câmbio de ontem). São 22 petroleiros encomendados pela Transpetro, incluindo o suezmax João Cândido, entregue em maio deste ano; o casco da plataforma da P-55, entregue em dezembro de 2011; sete navios-sondas para a Sete Brasil, além de ter sido contratado para executar serviços navais na P-62.
O estaleiro pernambucano, fruto de um investimento de R$ 1,8 bilhão, tem sido considerado um marco na retomada da indústria naval brasileira, hoje dona da quarta maior carteira de encomendas do mundo. (M.B.)

Micheline Batista / Diário de Pernambuco

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