sexta-feira, 6 de maio de 2011

Soldador: um futuro promissor

Com salários iniciais de R$ 800, mas com potencial para ofertar remunerações de até R$ 8 mil, a a profissão atrai cada vez mais interessados no Estado.

Por Leonardo Spinelli

Uma das características do desenvolvimento econômico é o seu poder de multiplicação de empregos, gerando, inclusive, novas profissões. Um exemplo deste fenômeno em Pernambuco é o aumento da demanda por profissionais especialistas em soldagem, estimulado pela atual montagem da indústria do petróleo e gás no Estado, um setor que inclui refinaria, estaleiro e as petroquímicas de POY e PET.

Somente o Estaleiro Atlântico Sul espera contratar este ano cerca de 500 profissionais, isso sem falar em outros empreendimentos que estão para chegar, como o estaleiro do consórcio Schahin-Modec.
Perspectiva de bons rendimentos atrai pessoas de outras áreas técnicas para a profissão

A carreira de soldador começa com um salário na faixa dos R$ 800, mas com desenvolvimento e investimento pessoal pode pagar mais de R$ 8 mil, como no caso dos inspetores de solda de nível 2. Em outras palavras, o aumento das vagas também traz exigências de qualificação do profissional, até porque a qualidade atestada do serviço é uma condição que uma empresa como a Petrobras – a maior cliente do setor – não abre mão.

Eduardo Veiga, diretor do Senai Cabo, explica que existem hoje duas formas básicas de ingressar na carreira de soldador. “A primeira delas é através do Senai Cabo, que oferece cursos de treinamento de qualificação e também o curso técnico”, comentou. A outra forma é através do Programa de Mobilização da Indústria do Petróleo e Gás Natural (Prominp).

A notícia ruim para quem pretende ingressar nesta carreira é que a fila de espera é grande. No caso do Senai do Cabo, Eduardo Veiga contabiliza que existe uma fila de espera de 1.500 pré-inscritos. “Nossa meta, no entanto, é zerar esse estoque até setembro”, diz.

O importante mesmo para quem quer seguir no caminho é se inscrever. “Me matriculei há seis meses no curso do Cabo e o pessoal me ligou agora. Comecei dia 19 e já nem esperava mais ser chamado”, comenta o estudante de Marketing Gustavo Cavalcanti, de 22 anos. Seu interesse, conta, é seguir na carreira para tentar chegar ao posto máximo, de inspetor de soldagem. “Fiquei sabendo da profissão através de um amigo e quero chegar a ser inspetor porque é um cargo que paga salários de R$ 8 mil. É um pagamento bacana”, conta. Para chegar lá, Gustavo vai começar se qualificando na área e vai pagar duas parcelas de R$ 187 para o curso inicial.

Fazer um curso de soldador, no entanto, não garante o aprendizado imediato. As aulas de capacitação têm duração de 300 horas. O Estaleiro Atlântico Sul, por exemplo, recebe o pessoal qualificado mas ainda remete o grupo para um treinamento específico na área naval. “É impossível preparar um profissional de solda em três meses. Os cursos do Senai têm o seu papel na formação de pessoal, mas precisamos dar mais instruções específicas. Temos um Centro de Treinamento para começarmos a formar o nosso pessoal”, informa o diretor administrativo e de RH do EAS, Gérson Beluci. Ele informa que até o final deste ano a empresa terá investido R$ 10 milhões na formação de seu pessoal.

Salário de inspetor atrai candidatos

Inspeção de campo de solda circular

Um dos cargos mais desejados desse mercado atualmente é o de inspetor, cujas boas remunerações vêm atraindo cada vez mais interessados. O superintendente executivo da Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem (FBTS), José Alfredo Barbosa – instituição responsável pela certificação desse profissional – comenta que a demanda pelo ofício está crescente. “O desenvolvimento da indústria do petróleo e gás fez crescer a procura, temos a questão do pré-sal e em Pernambuco temos o estaleiro, a refinaria. Todos clientes da Petrobras, empresa que demanda a certificação desses profissionais de acordo com as normas técnicas da ABNT”, salientou.

Ele pondera, no entanto, que procurar a função apenas olhando o salário pode não ser uma boa escolha profissional. “Não é interessante a pessoa entrar numa busca dessa. Primeiro, ela deve ter consciência de sua competência, pois o índice de reprovação é alto. Cerca de 60% dos candidatos que fazem a prova de certificação são reprovados. Hoje temos mais de 30 instituições oferecendo curso de inspetor, mas o que o candidato deve analisar é a qualidade do curso, procurar docentes já certificados, pois o assunto é duro”, comentou.

Basicamente para se tornar um inspetor de solda – cuja diária dos profissionais autônomos está na faixa de R$ 500, com uma média mensal acima dos R$ 5 mil – é necessário fazer o treinamento (oferecido no Senai do Cabo) e depois a prova de certificação, que tem um investimento alto, cerca de R$ 2 mil, mas ainda não é oferecida em Pernambuco. Quem quer se certificar na área, no Estado, precisa ir para a Bahia ou para outras escolas certificadoras localizadas em Estados como Rio de Janeiro e São Paulo. A expectativa, no entanto, é que o Senai do Cabo passe a oferecer a certificação até o final deste ano.

Normalmente a função de inspetor de soldagem atrai o pessoal de cursos técnicos em mecânica, metalurgia e engenheiros de várias áreas. No entanto, é necessário comprovar uma experiência mínima de um ano na área de soldagem.

A norma NBR 14.842 estabelece os critérios para a candidatura ao cargo em seus dois níveis de trabalho, o nível 1 – faixa salarial mais baixa – e o nível 2 – com salários que passam dos R$ 10 mil. Basicamente, o inspetor de nível 1 tem a função de verificar se todos os procedimentos estão sendo aplicados no trabalho de soldagem. O de nível 2 é responsável por estabelecer os requisitos da montagem. Ou seja, um profissional determina como o trabalho deve ser feito e o outro verifica se o plano está sendo seguido.

Os pré-requisitos envolvem um balanceamento entre o nível de escolaridade e o tempo de experiência em soldagem. Quanto mais escolaridade tiver o candidato, menos experiência prática é exigida. Além disso, é necessário comprovar treinamento na área. “Matérias que mais reprovam envolvem provas visuais e de tratamento térmico. No nível 2, uma das exigências é a leitura em inglês, pois muitas normas de projetos estão na língua inglesa”.

(Jornal do Commercio)

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