terça-feira, 10 de maio de 2011

Pernambuco ganha primeiro carro elétrico do Nordeste



Pequeno, com espaço para apenas duas pessoas; potente, com capacidade de transporte de até 350kg de cargas; com baixo custo de combustíveis, em média, R$ 0,05 por quilômetro rodado; e, acima de tudo, ambientalmente sustentável. A partir do próximo mês, o primeiro carro totalmente elétrico, de produção nacional, começa a circular nas ruas da Região Metropolitana do Recife. O Aris, de produção da Edra Automotores, será testado durante um período de seis meses, e sem custos, pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) do estado. O protótipo tem custo estimado de R$ 80 mil, mas caso o modelo chegue a ser produzido em larga escala, o preço final ao consumidor deve ficar em torno de R$ 20 mil – valor menor que os carros pupulares convencionais movidos a combustível.

De autoria da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), o projeto de cooperação foi assinado nesta segunda-feira (9), no Espaço Ciência, em Olinda. Semelhante a ele, já está em circulação na cidade de Campinas, interior de São Paulo, um outro Aris, este, utilizado pelos Correios da cidade. “Ele é ideal para circular justamente em ambientes como uma região metropolitana, o que satisfaz demais uma empresa pública como os Correios ou secretarias de governo. A autonomia é de 100km, o que normalmente é coberto em um dia. Depois, basta recarregar em uma tomada comum”, explica o vice-presidente da CPFL, Paulo Cezar Tavares.

Menor e mais silencioso que os carros comuns, o Aris não tem escapamento, ou seja, não emite gases que contribuem para o efeito estufa, como os veículos comuns. Além disso, desenvolve até 80 km/h, velocidade limite em áreas urbanas e, para estar com o ‘tanque cheio’, bastam cinco horas ligados à tomada. O conjunto de baterias, importado atualmente ao valor de 10 mil dólares, tem capacidade de armazenar até 27,5 kw/h. “Em comparação com os carros de passeio a combustíveis líquidos, a eficiência é mais de 300% superior. Com a combustão da gasolina, por exemplo, apenas 25% da energia gerada se transforma em força de propulsão do carro, realmente utilizada. No caso do carro elétrico, o índice de aproveitamento é de 85%”, conclui Tavares.

De acordo com o secretário de meio ambiente e sustentabilidade, Sérgio Xavier, o convênio, o primeiro firmado desde a criação da pasta, é o primeiro de uma série de passos de experimentações de recursos tecnológicos que possam pregar a sustentabilidade e moldar o desenvolvimento econômico de forma ‘verde’. “Estamos atrás de medidas simples e reinventando tecnologias, especialmente no que diz respeito à mobilidade.

O carro elétrico, em si, é uma criação do século XIX, mas, agora, podemos utilizá-lo de uma forma mais adequada. Vamos avaliá-lo e, se interessante, este modelo fará parte da frota do governo, depois que atrairmos indústrias interessadas em sua fabricação em Suape, fazendo de Pernambuco, mais uma vez, pioneiro”, defende.

Para o diretor do Espaço Ciência, Antônio Carlos Pavão, a medida é um grande passo para repensar a sociedade, mas exige cuidados com uma cadeia que vai além do consumo direto da energia elétrica. “É interessante e, certamente, mais ambientalmente responsável que o cenário atual, mas ainda não é o ideal. Nossa energia é, em sua maioria, hidroelétrica, o que significa profundos impactos ambientais de qualquer forma”, explica. No próprio Espaço Ciência, há um protótipo que Pavão julga ser o futuro verde.
O carro, também elétrico, tem como combustível o hidrogênio. A eletricidade, gerada por painéis solares desarticula as células da água para promover energia. “E no fim, tudo que ele devolve para o ambiente é, também, água”, explica.

Modelos do tipo, no entanto, ainda são economicamente inviáveis no Brasil, mas já existem em países como a Alemanha. Um modelo do tipo, fabricado pela Mercedes, já foi solicitado para mais estudos no Espaço Ciência, mas a licitação nunca foi concluída.

Por Ed Wanderley | Pernambuco.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário