segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Há Petróleo em Pernambuco? Uma resposta nas mãos da Petrobras


OURO NEGRO Afinal, há petróleo em Pernambuco? Evidências existem. Agora, cabe à estatal decidir se vai ou não perfurar o nosso mar
\ Adriana Guarda \ Imagem2“Ele jura de pés juntos que tem petróleo lá”. O comentário do diretor de Exploração e Produção da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Florival Carvalho, é sobre o geólogo pernambucano Mário de Lima Filho. Desde a década de 90, o professor teima na existência de óleo no subsolo marinho de Pernambuco. Estudos geológicos confirmaram as evidências. Agora falta a Petrobras decidir, até março de 2013, se vai perfurar poços na região. Em 2007, consórcio formado por Petrobras e Petrogal (subsidiária da Galp Energia) arrematou três blocos na Bacia Pernambuco-Paraíba, durante o leilão da 9ª rodada de licitação da ANP. As empresas deveriam fazer um investimento mínimo de R$ 7,5 milhões para explorar uma área de 1.713 quilômetros quadrados.
Carvalho diz que as companhias têm prazo de 5 anos (entre março de 2008 e março de 2013) para estudar a área. “Terminada essa primeira fase exploratória, elas precisam decidir se furam poço ou devolvem os blocos à ANP. Se a estratégia for prosseguir terão até março de 2015 para concluir a segunda etapa de exploração”, explica. Procurada pelo JC, a Petrobras se limitou a responder que “o consórcio analisa atualmente os dados obtidos com a aquisição sísmica. Apenas após essa etapa e a partir da análise dos dados adquiridos decidirá pela perfuração ou não de poços nos blocos. Vale ressaltar que a perfuração de poços, caso se justifique, só ocorrerá após o ano de 2014”, informa, por meio de sua assessoria de comunicação.
No mercado, os palpites são que a Petrobras e a Petrogal vão furar poço na bacia. “A Petrobras precisa estar na dianteira da exploração no País. E como se trata de uma nova fronteira do petróleo existe um interesse da estatal em desbravar”, aposta o doutor em geologia sedimentar da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Antonio Barbosa. Assessor da ANP e doutor em geologia pela UFPE, Mário Filho também acredita na continuidade da exploração na bacia. “Acredito que a sugestão da equipe técnica será para furar. A ponderação poderá ser financeira porque a Petrobras vem redimensionando investimentos.”
O pesquisador diz que o custo de perfuração de um poço médio está em torno de US$ 62 milhões, enquanto na área do pré-sal esse valor triplica, em função da complexidade das águas ultraprofundas. Em Pernambuco, as perfurações não exigiriam a profundidade do pré-sal porque a expectativa é que existam reservatórios de óleo acima da camada de sal. “Os estudos sísmicos apontam que os prováveis reservatórios estariam no Litoral Sul do Estado, o que seria excelente num cenário onde estão em construção uma refinaria, um complexo petroquímico e navios petroleiros em Suape”, destaca. Nos anos 80, a Petrobras chegou a perfurar três poços na costa do Estado (Itamaracá, Jaboatão e Ipojuca), mas não encontrou óleo. Durante décadas a região esteve fora dos planos da petrolífera, mas voltou à mira graças a pesquisas na área (leia matéria ao lado).
SÍSMICA 3D
O consórcio Petrobras/Petrogal contratou a empresa norte-americana CGGVeritas, com 81 anos de expertise no setor, para realizar a pesquisa sísmica com tecnologia 3D. O trabalho foi executado entre novembro de 2009 e fevereiro de 2010, mobilizando 48 profissionais (inclusive dez brasileiros). A sísmica faz uma espécie de ultrassonografia do subsolo marinho, que permite localizar estruturas favoráveis à acumulação de petróleo e gás. É como se as formações rochosas fossem um bolo com várias camadas. As mais antigas depositadas primeiro e mais profundas, a exemplo do pré-sal. “Não divulgamos o resultado dos estudos por causa do contratode confidencialidade com o cliente. Mas afirmamos que foi usada a tecnologia mais eficiente em termos de processamento de dados para apresentar imagens precisas dentro e abaixo das áreas complexas do ponto de vista geofísico, como a camada de sal. Essa tecnologia permite criar imagens de sistemas de até 10.000 metros de profundidade”, detalha o diretor-geral da CGGVeritas no Brasil, Patrick Postal. Agora, cabe à Petrobras interpretar os dados e decidir se vai furar. A perfuração do poço permite avaliar o tamanho da reserva, a qualidade do petróleo e a viabilidade econômica de retirá-lo do fundo do mar.
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