sexta-feira, 29 de abril de 2011

Suape: desafio é evitar enclave

Com empresas que atuam no mercado global trabalhando com alta tecnologia, a consolidação do Polo de Suape representa um desafio para o Estado: transformar os investimentos em desenvolvimento social. Especialistas da Pesquisa E&E advertem para o risco do complexo se transformar numa área industrial isolada. Um exemplo recorrente tem sido o Polo de Camaçari, implantado na Bahia, nos anos 70, que também abriga indústria petroquímica e uma montadora de automóveis.
Como muitos dos milhares de empregos diretos gerados no Polo de Suape demandam profissionais especializados, para os consultores da E&E, a geração de empregos para a mão de obra local depende da criação de outras atividades econômicas, movidas pelo “efeito renda” de Suape. “Em Camaçari, não houve a passagem do desenvolvimento para o seu entorno. O polo formou um enclave. O processo em Suape está se dando numa dinâmica diferente, mas temos o desafio de evitar que aconteça em Pernambuco o exemplo da Bahia”, disse a consultora Fátima Brayner, sócia da TGI.
Os números de empregos gerados e o crescimento do PIB de Ipojuca e do Cabo, mesmo com os empreendimentos ainda em fase de instalação, expõem os municípios a uma migração acelerada de pessoas em busca de oportunidades. “Suape passou a ser um investimento de Estado e não de governo. É preciso ter uma ação sistematizada, um engajamento da sociedade, governo e empresários. Esse momento de qualificar a discussão sobre o futuro de Suape é fundamental”, afirma o consultor Ricardo de Almeida, sócio da TGI.
Como os problemas urbanos e sociais criados pelo rápido desenvolvimento da região – como violência e mobilidade – não são restritos aos municípios individualmente, mas envolvem a toda a região, o consultor Leonardo Guimarães Neto, sócio da Ceplan, defende que eles sejam tratados de forma conjunta. “Suape pegou Pernambuco despreparado. Há muitos gargalos, mas temos que olhar esses problemas dentro de um conjunto regional. É preciso melhorar a eficiência estratégica de cada um dos municípios impactados diretamente pelo porto, mas eles têm que atuar conjuntamente, sobretudo nos estrangulamentos de infraestrutura

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