segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Novas cimenteiras em Pernambuco


 
Construção civil em alta e importação de tecnologias mais baratas estimularam a atração de novas fábricas. Serão duas no interior e outra próxima a Suape
Três grupos de áreas diferentes estão investindo na implantação de suas próprias fábricas de cimento, duas delas no interior.

O que favorece o crescimento da indústria cimenteira em Pernambuco não é apenas o desenvolvimento econômico do Estado, cuja economia cresceu 5,7% nos primeiros seis meses deste ano, muito disso puxado pelos 19% da construção civil, principal cliente de uma fábrica de cimentos. A tecnologia importada da China e da Índia barateou os custos de implantação, permitindo novas empresas se arrisquem neste tipo de indústria, dominada por grandes grupos econômicos, justamente por ser um investimento intensivo em capital.

Estamos erguendo uma fábrica pequena, num modelo diferente da maioria das indústrias brasileiras. Em vez de forno horizontal, a nossa será de forno vertical, que tem uma capacidade menor e, por isso, o investimento também é menor, salienta o diretor do Cimentos Pajeú, Francisco Petribu. A fábrica, que está sendo erguida no município de Carnaíba (Sertão), será a primeira desta leva a entrar em operação, com previsão para estar pronta em janeiro de 2012 e com início das atividades em fevereiro.

O investimento, de R$ 100 milhões, é de um dos sócios do Grupo Petribu do ramo do açúcar, o empresário Miguel Petribu.
Outra companhia que optou pelo interior e está utilizando a mesma tecnologia sino-indiana é a Construtora Saint Entôn. Iniciou o processo de terraplenagem do que vai ser a fábrica do Cimento Búfalo, no município de Surubim, no Agreste.

O investimento também é de R$ 100 milhões. O projeto é financiado pelo Banco do Nordeste e conta com incentivos fiscais do Programa de Desenvolvimento Prodepe, do Estado.
Nossa perspectiva é terminar a obra em novembro do ano que vem e entrar em operação em dezembro. Nosso grupo já tem construtora, mas um negócio é independente do outro. Nossa intenção é aproveitar o rumo do Estado, já que percebemos a escassez de cimento no mercado local, comentou o diretor da construtora, Marcelo Hazin.

O terceiro grupo que investe na produção de cimento é o ASA. A empresa foi procurada, mas não deu retorno. Este projeto, no entanto, é diferente dos outros dois que funcionarão no interior. A fábrica ficará próxima a Suape, justamente para importar as matérias-primas do cimento. A planta seria apenas para fazer a moagem dos insumos que dão origem ao produto.

As duas fábricas do interior vão processar o material desde a exploração mineral. Optamos por Carnaíba pelas jazidas, tivemos a oportunidade de adquirir uma jazida de calcário e argila de excelente qualidade, explica Francisco Petribu. Segundo ele, depois de extraída, a argila é queimada, gerando o pozolano, um dos elementos fundamentais na produção do cimento.

A planta também fará a britagem e a mistura com outros produtos, a exemplo do coque de petróleo, único insumo que precisará ser ainda importado. A refinaria (Abreu e Lima), no entanto, passará a produzir o coque no segundo semestre do ano que vem, prevê o empresário.

A Pajeú terá capacidade para produzir 200 toneladas de cimento por dia, numa primeira etapa, podendo duplicar sua capacidade em menos de um ano. Seu mercado consumidor será o do Agreste, num raio de 250 quilômetros da área de produção, mas dentro do Estado de Pernambuco. Vai gerar 350 empregos diretos e 750 indiretos.

A Búfalo terá capacidade de produzir 1.200 toneladas por mês, podendo chegar a 8 mil toneladas em dois anos. A intenção é abastecer o mercado de Pernambuco e depois chegar até o mercado do Ceará, passando pelos Estados anteriores. Esta vai empregar 180 pessoas diretamente, num total de 800, contando os empregos indiretos.

As empresas vêm se somar a outras três que já operam no Estado: Nassau (Grupo João Santos), Poty (Votorantim) e Cimento Brasil (Camargo Corrêa).

Leonardo Spinelli / Jornal do Commercio

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